CAPITULO 2 - Seja forte
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Havia voltado para casa já faziam algumas horas, depois de ajudar minha mãe com alguns papéis da padaria e prepararmos o jantar, comemos conversando sobre nossos dias como sempre fazíamos. Obviamente omiti o fato de ter praticamente iniciado uma discussão com Inukashi e chorado feito um bebê enquanto estava sozinho. Na frente da minha mãe eu era quase o mesmo de antes, exibia os mesmos sorrisos e a mesma felicidade, tentando mostrar para ela que apesar de tudo havia me recuperado e havia seguido em frente.
Mas mãe é mãe, não é? Ela de alguma forma, sabia que eu não estava totalmente bem.
Flash back on.
–Filho!!-Ela gritou quando me viu em meio ao resto da multidão. O muro havia desabado a pouco tempo.
–Okaa-san!- Repeti a mesma ação a abraçando. Mamãe tremia e chorava. Ao nosso redor várias pessoas olhavam incrédulas para o muro caído, algumas se emocionavam, outras apenas encaravam a cena perplexos.
–Você está bem? Não sofreu nada?- Perguntava rapidamente olhando para mim preocupada.
–Acalme-se mamãe, estou bem, mas e a senhora?
–Estou bem também. Mas filho... E Nezumi, não está com você?- A pergunta veio como uma facada...
–Ah... Ele...
–Ele?... Não me diga que...
–Não!... Não mamãe... Ele apenas decidiu ir embora.- expliquei levando uma das mãos aos lábios sem que ela percebesse.
–Mas por que filho? Ele não disse?
–Ele teve seus motivos Okaa-san...
–Filho...
–Nós ficaremos bem mamãe- Falei a confortando com um abraço. No fundo eu acho que o entendia... Mas sua falta doía bem mais do que ela ou qualquer um podia imaginar.
Flash back off.
Deitei-me na cama naquela noite com um peso horrível no peito. Encarava o teto branco de meu quarto para não precisar olhar para a lua e lembrar dele...
As lembranças vinham a minha memória em forma de flashes, fazendo-me relembrar cada segundo desde o primeiro momento que o vi, parado com o braço ferido e os olhos selvagens dentro do meu quarto em uma noite tempestuosa, até o último dia, em um por do sol com o muro da cidade já destruído.
"Eu não quero que você torne-se um monstro, não quero que perca sua inocência" Era isso que ele dizia.
Mas no final das contas eu perdi, não perdi? Por que precisou ir então?
Naquela noite, creio que dormi não por sono... Mas sim, vencido pelo cansaço.
–----------------------------- ----
Um mínimo barulho fez com que meus cães se agitassem. Levantei-me rapidamente do colchão, andei pelos corredores sem luz e desci as escadas parando no meio do grande salão vazio.
Olhei em volta, a escuridão me impedia de visualizar perfeitamente o ambiente.
–Quem está ai?- Chamei vendo a silhueta mover-se na porta, fazendo com que um de meus cães atacasse, mas fosse repelido com um golpe. O animal ganiu, voltando para perto de mim.- Não ataquem. - Ordenei vendo todos pararem seus movimentos, continuando apenas com os rosnados.
Um riso baixo ecoou pelo local, estreitei os olhos cerrando os pulsos, a figura caminhava em passos lentos, parando a alguns passos de mim.
–Seus cães nunca gostaram de mim.- Aquela voz... - A quanto tempo, Inukashi.
Uma das cortinas negras foi erguida com uma brisa vinda da janela, e só então a luz da lua permitiu que eu vizualizasse o intruso ali presente.
–Nezumi... A quanto tempo, infeliz.
Aquela seria uma longa noite.
–----------------------------- -----------
Acordei com o som estridente do despertador, levei uma das mãos ao aparelho batendo no botão de desligar. Levantei-me soltando um longo suspiro, coçando os olhos e resmungando incomodado com os raios de sol que davam seu " bom dia" não muito cômodo.
Segui para o banheiro tomando um banho frio, me vesti rapidamente e desci em seguida para ajudar minha mãe com os afazeres da padaria. Era sábado, e naquele dia eu não tinha trabalho algum antes das três da tarde.
– Bom dia mamãe.- Falei dando-lhe um beijo no rosto.
–Bom dia meu filho, dormiu bem? -Perguntou sorrindo, enquanto colocava a mesa pão fresco e leite.
–Como uma pedra.- Retribui sorrindo ajudando-a com a bandeja. Menti. Minha noite havia sido turbulenta, acordei por várias vezes com pesadelos, provavelmente perdi umas quatro horas de sono com aquela palhaçada.- Você dormiu bem mamãe?
–Dormi meu filho, mas tive um sonho estranho.
–Sonho?- Perguntei vendo-a levar uma das mãos a boca como se houvesse se arrependido de ter dito aquilo.- Mamãe?
–Ah, não é nada, foi apenas um sonho bobo meu filho. - Mamãe tentou disfarçar, até pensei em insistir mas apenas assenti com a cabeça um sim engolindo sua desculpa. Mas não vou negar, aquilo havia me intrigado.- Você só tem seu horário com as crianças hoje não é querido?
–Sim mamãe, mas é só as três da tarde, antes posso te ajudar na padaria, tudo bem?
–Oh sim, será de grande ajuda, como sabe hoje costumamos ter um número bem maior de pedidos.
–É eu sei sim mamãe.- Comentei feliz terminando meu café. Ver minha mãe empolgada com seu trabalho me mantinha muito satisfeito.
A manhã passou rápido, a padaria encheu como de costume e ajudando minha mãe com as entregas e o preparo das massas pude me distrair e me divertir um pouco.
Almoçamos lá pelo meio dia e meio, fechando a padaria por uma hora e meia. Após esse período reabrimos e a tarde já foi um pouco mais tranquila.
Eram duas e meia quando me despedi de minha mãe e resolvi me arrumar para ir a praça ficar com as crianças.
Troquei de roupa rapidamente, peguei um de meus livros e segui para a praça central. Lá era um lugar bonito e tranquilo, era ótimo para leitura e as crianças adoravam.
Cheguei lá em poucos minutos, sentei-me embaixo da mesma árvore de sempre abrindo o livro na página marcada, recostei-me no tronco da grande árvore, olhando suas folhas balançarem ao vento e sorri. Aquele lugar me acalmava.
As crianças chegaram logo, sentaram ao meu redor e então comecei a ler, os pequenos se divertiam, fazendo com que eu me divertisse junto deles.
– Estão entendendo?-Perguntei ao ler uma parte mais dificil do livro.
–Sim!- Responderam em uníssono me fazendo rir.
–Muito bom.- Ri.
Por um momento olhei para longe, distraindo-me da leitura ao ver um pequeno ratinho correr de trás de uma lixeira em direção de uma árvore um pouco afastada.
Seguindo o pequenino com os olhos, pude ver que ele corria até uma árvore afastada, subiu pelo tronco longo e nos galhos próximos a copa não pude acreditar no que vi... O animalzinho havia encontrado um rapaz... Um rapaz não muito mais alto que eu, os cabelos escuros... as roupas conhecidas... a pele clara...
Levantei-me bruscamente correndo até o local, mas antes que eu pudesse chegar lá, a figura de alguma maneira havia desaparecido.
As crianças correram até mim assustadas sem entender o que havia acontecido.
–Não foi nada crianças, achei ter visto um pássaro ferido. -Respondi tomando fôlego sem entender o que havia acontecido ali.- Me desculpe por assusta-los, vamos voltar a leitura sim?
O que diabos havia acontecido afinal?! Agora além de me perturbar com memórias eu me perturbaria com alucinações?
Eu tinha certeza de ter visto Nezumi ali!
Voltei a ler para as crianças, tentando manter-me o mais normal possível mas apesar das aparências, por dentro eu estava uma pilha, o que eu havia visto afinal? Aquilo nunca tinha acontecido nesses dois anos... Será que eu alucinei?... Mas foi tão real...
Eram cinco e trinta quando acabamos o livro, me despedi das crianças acompanhando-as até a rua central da cidade onde cada uma tomou seu caminho.
–Vão com cuidado!-Falei sorrindo abanando uma das mãos, logo perdendo-as de vista. Abaixei o braço, meu sorriso morreu, desviei o olhar por um segundo, eu sabia que querendo ou não, e mesmo que eu lutasse, eu pensaria no que não devia.
Respirei fundo soltando o ar pela boca, levei uma das mãos aos cabelos os segurando com força.
–Hey Shion.- Ouvi o chamado tipicamente grosso vindo detrás de mim.
–Inukashi- Proferi o nome de forma cansada ficando de frente para ela.- O que foi?- Estranhei ao ver seu rosto com uma expressão de confusão e raiva.
Inukashi abriu e fechou a boca várias vezes na tentativa de me dizer algo, no final, recebendo um latido de um de seus cães, rosnou nervosa consigo mesma.
–Inukashi?
–Seja forte.- Foram as únicas palavras que ela disse antes de virar-se para ir embora.
–Inukashi, espere!
–Fique longe de mim, idiota!
Grossa como sempre, afastou-se correndo me deixando sem entender nada. Intrigado com tudo que havia acontecido naquele dia, segui para casa em passos firmes.
Ao chegar, ouvi o som do chuveiro, provavelmente mamãe havia fechado a padaria e subido para o banho antes de preparar o jantar. aproveitando a deixa, resolvi deixar um bilhete e ir relaxar no lugar de sempre.
Colei o papelzinho na porta da geladeira e fechei a porta com a chave.
Caminhei lentamente pelas ruas com o sol acabando de se por no horizonte, nos finais de semana as ruas eram mais movimentadas, mas só no centro, no local onde eu ia os dias eram como sempre, tranquilos e sem ninguém para m incomodar.
Ao chegar, deitei entre as flores olhando o céu escurecer, o vento soprava mais forte do que de costume, e ao longe, nuvens negras formavam-se rapidamente. Parecia que uma chuva forte estava por vir.
Deitei-me de lado lembrando das palavras de Inukashi... O que será que ela quis dizer com seja forte? O que ela sabia? O que havia acontecido para fazer ela me procurar, ou melhor, se preocupar comigo?
Um trovão soou ao longe, encarei os restos do muro da cidade atrás de mim por alguns instantes e depois voltei a me deitar, colocando as mãos ao lado do corpo.
Fechei meus olhos sentindo o vento soprar mais forte, chegava a ser engraçado, aquele clima se assemelhava muito ao meu estado de espírito.
Aos poucos uma fina garoa começou, os pingos gelados me atingiam com delicadeza, fazendo com que eu sorrisse levemente. Talvez aquela chuva lavasse minha alma.
Os pingos finos foram ficando mais e mais grossos, tornando-se uma forte tempestade em questão de minutos.
Com as roupas encharcadas, levantei-me cambaleando com o forte vento.
Minha respiração aos poucos tornava-se ofegante, dentro de mim, eu sentia todas as minhas duvidas, medos e tristezas se misturarem e então, como a anos atrás, dei apenas um único grito... Um longo grito.
Encarei o céu com um sorriso nos lábios, aquilo, assim como da primeira vez, fez com que eu me sentisse livre.
Ri comigo mesmo, passando as mãos sobre os cabelos os puxando para trás, comecei a caminhar em direção aos escombros do muro, queria voltar para casa logo, mas algo ao longe, embaixo de uma árvore me chamou a atenção.
A sombra permanecia parada, eu sentia o olhar pesado sobre mim, um olhar que por algum motivo me era conhecido. Forcei um pouco a visão aproximando-me mais.
–Oe Shion.-O tom de voz fez com que eu recua-se dois passos.
A sombra agora tomava forma... Aos poucos a silhueta de um rapaz se formava, uma silhueta conhecida por mim.
Meu coração falhou a batida.
Os cabelos escuros, os olhos prateados com o mesmo brilho ameaçador, o corpo mais forte do que antes, as roupas do mesmo estilo de antigamente...
A cada um passo dele, eu recuava dois, até que minhas pernas fraquejaram e eu parei de andar, permitindo que ele se aproximasse mais, confirmando minhas suspeitas de quem realmente era.
–Ne-Nezumi...
–Ainda continua gritando por ai em dias de chuva, Shion?
Feita por Sohari
Desculpa a demora.
Arigato So-chan.
Mas mãe é mãe, não é? Ela de alguma forma, sabia que eu não estava totalmente bem.
Flash back on.
–Filho!!-Ela gritou quando me viu em meio ao resto da multidão. O muro havia desabado a pouco tempo.
–Okaa-san!- Repeti a mesma ação a abraçando. Mamãe tremia e chorava. Ao nosso redor várias pessoas olhavam incrédulas para o muro caído, algumas se emocionavam, outras apenas encaravam a cena perplexos.
–Você está bem? Não sofreu nada?- Perguntava rapidamente olhando para mim preocupada.
–Acalme-se mamãe, estou bem, mas e a senhora?
–Estou bem também. Mas filho... E Nezumi, não está com você?- A pergunta veio como uma facada...
–Ah... Ele...
–Ele?... Não me diga que...
–Não!... Não mamãe... Ele apenas decidiu ir embora.- expliquei levando uma das mãos aos lábios sem que ela percebesse.
–Mas por que filho? Ele não disse?
–Ele teve seus motivos Okaa-san...
–Filho...
–Nós ficaremos bem mamãe- Falei a confortando com um abraço. No fundo eu acho que o entendia... Mas sua falta doía bem mais do que ela ou qualquer um podia imaginar.
Flash back off.
Deitei-me na cama naquela noite com um peso horrível no peito. Encarava o teto branco de meu quarto para não precisar olhar para a lua e lembrar dele...
As lembranças vinham a minha memória em forma de flashes, fazendo-me relembrar cada segundo desde o primeiro momento que o vi, parado com o braço ferido e os olhos selvagens dentro do meu quarto em uma noite tempestuosa, até o último dia, em um por do sol com o muro da cidade já destruído.
"Eu não quero que você torne-se um monstro, não quero que perca sua inocência" Era isso que ele dizia.
Mas no final das contas eu perdi, não perdi? Por que precisou ir então?
Naquela noite, creio que dormi não por sono... Mas sim, vencido pelo cansaço.
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Um mínimo barulho fez com que meus cães se agitassem. Levantei-me rapidamente do colchão, andei pelos corredores sem luz e desci as escadas parando no meio do grande salão vazio.
Olhei em volta, a escuridão me impedia de visualizar perfeitamente o ambiente.
–Quem está ai?- Chamei vendo a silhueta mover-se na porta, fazendo com que um de meus cães atacasse, mas fosse repelido com um golpe. O animal ganiu, voltando para perto de mim.- Não ataquem. - Ordenei vendo todos pararem seus movimentos, continuando apenas com os rosnados.
Um riso baixo ecoou pelo local, estreitei os olhos cerrando os pulsos, a figura caminhava em passos lentos, parando a alguns passos de mim.
–Seus cães nunca gostaram de mim.- Aquela voz... - A quanto tempo, Inukashi.
Uma das cortinas negras foi erguida com uma brisa vinda da janela, e só então a luz da lua permitiu que eu vizualizasse o intruso ali presente.
–Nezumi... A quanto tempo, infeliz.
Aquela seria uma longa noite.
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Segui para o banheiro tomando um banho frio, me vesti rapidamente e desci em seguida para ajudar minha mãe com os afazeres da padaria. Era sábado, e naquele dia eu não tinha trabalho algum antes das três da tarde.
– Bom dia mamãe.- Falei dando-lhe um beijo no rosto.
–Bom dia meu filho, dormiu bem? -Perguntou sorrindo, enquanto colocava a mesa pão fresco e leite.
–Como uma pedra.- Retribui sorrindo ajudando-a com a bandeja. Menti. Minha noite havia sido turbulenta, acordei por várias vezes com pesadelos, provavelmente perdi umas quatro horas de sono com aquela palhaçada.- Você dormiu bem mamãe?
–Dormi meu filho, mas tive um sonho estranho.
–Sonho?- Perguntei vendo-a levar uma das mãos a boca como se houvesse se arrependido de ter dito aquilo.- Mamãe?
–Ah, não é nada, foi apenas um sonho bobo meu filho. - Mamãe tentou disfarçar, até pensei em insistir mas apenas assenti com a cabeça um sim engolindo sua desculpa. Mas não vou negar, aquilo havia me intrigado.- Você só tem seu horário com as crianças hoje não é querido?
–Sim mamãe, mas é só as três da tarde, antes posso te ajudar na padaria, tudo bem?
–Oh sim, será de grande ajuda, como sabe hoje costumamos ter um número bem maior de pedidos.
–É eu sei sim mamãe.- Comentei feliz terminando meu café. Ver minha mãe empolgada com seu trabalho me mantinha muito satisfeito.
A manhã passou rápido, a padaria encheu como de costume e ajudando minha mãe com as entregas e o preparo das massas pude me distrair e me divertir um pouco.
Almoçamos lá pelo meio dia e meio, fechando a padaria por uma hora e meia. Após esse período reabrimos e a tarde já foi um pouco mais tranquila.
Eram duas e meia quando me despedi de minha mãe e resolvi me arrumar para ir a praça ficar com as crianças.
Troquei de roupa rapidamente, peguei um de meus livros e segui para a praça central. Lá era um lugar bonito e tranquilo, era ótimo para leitura e as crianças adoravam.
Cheguei lá em poucos minutos, sentei-me embaixo da mesma árvore de sempre abrindo o livro na página marcada, recostei-me no tronco da grande árvore, olhando suas folhas balançarem ao vento e sorri. Aquele lugar me acalmava.
As crianças chegaram logo, sentaram ao meu redor e então comecei a ler, os pequenos se divertiam, fazendo com que eu me divertisse junto deles.
– Estão entendendo?-Perguntei ao ler uma parte mais dificil do livro.
–Sim!- Responderam em uníssono me fazendo rir.
–Muito bom.- Ri.
Por um momento olhei para longe, distraindo-me da leitura ao ver um pequeno ratinho correr de trás de uma lixeira em direção de uma árvore um pouco afastada.
Seguindo o pequenino com os olhos, pude ver que ele corria até uma árvore afastada, subiu pelo tronco longo e nos galhos próximos a copa não pude acreditar no que vi... O animalzinho havia encontrado um rapaz... Um rapaz não muito mais alto que eu, os cabelos escuros... as roupas conhecidas... a pele clara...
Levantei-me bruscamente correndo até o local, mas antes que eu pudesse chegar lá, a figura de alguma maneira havia desaparecido.
As crianças correram até mim assustadas sem entender o que havia acontecido.
–Não foi nada crianças, achei ter visto um pássaro ferido. -Respondi tomando fôlego sem entender o que havia acontecido ali.- Me desculpe por assusta-los, vamos voltar a leitura sim?
O que diabos havia acontecido afinal?! Agora além de me perturbar com memórias eu me perturbaria com alucinações?
Eu tinha certeza de ter visto Nezumi ali!
Voltei a ler para as crianças, tentando manter-me o mais normal possível mas apesar das aparências, por dentro eu estava uma pilha, o que eu havia visto afinal? Aquilo nunca tinha acontecido nesses dois anos... Será que eu alucinei?... Mas foi tão real...
Eram cinco e trinta quando acabamos o livro, me despedi das crianças acompanhando-as até a rua central da cidade onde cada uma tomou seu caminho.
–Vão com cuidado!-Falei sorrindo abanando uma das mãos, logo perdendo-as de vista. Abaixei o braço, meu sorriso morreu, desviei o olhar por um segundo, eu sabia que querendo ou não, e mesmo que eu lutasse, eu pensaria no que não devia.
Respirei fundo soltando o ar pela boca, levei uma das mãos aos cabelos os segurando com força.
–Hey Shion.- Ouvi o chamado tipicamente grosso vindo detrás de mim.
–Inukashi- Proferi o nome de forma cansada ficando de frente para ela.- O que foi?- Estranhei ao ver seu rosto com uma expressão de confusão e raiva.
Inukashi abriu e fechou a boca várias vezes na tentativa de me dizer algo, no final, recebendo um latido de um de seus cães, rosnou nervosa consigo mesma.
–Inukashi?
–Seja forte.- Foram as únicas palavras que ela disse antes de virar-se para ir embora.
–Inukashi, espere!
–Fique longe de mim, idiota!
Grossa como sempre, afastou-se correndo me deixando sem entender nada. Intrigado com tudo que havia acontecido naquele dia, segui para casa em passos firmes.
Ao chegar, ouvi o som do chuveiro, provavelmente mamãe havia fechado a padaria e subido para o banho antes de preparar o jantar. aproveitando a deixa, resolvi deixar um bilhete e ir relaxar no lugar de sempre.
Colei o papelzinho na porta da geladeira e fechei a porta com a chave.
Caminhei lentamente pelas ruas com o sol acabando de se por no horizonte, nos finais de semana as ruas eram mais movimentadas, mas só no centro, no local onde eu ia os dias eram como sempre, tranquilos e sem ninguém para m incomodar.
Ao chegar, deitei entre as flores olhando o céu escurecer, o vento soprava mais forte do que de costume, e ao longe, nuvens negras formavam-se rapidamente. Parecia que uma chuva forte estava por vir.
Deitei-me de lado lembrando das palavras de Inukashi... O que será que ela quis dizer com seja forte? O que ela sabia? O que havia acontecido para fazer ela me procurar, ou melhor, se preocupar comigo?
Um trovão soou ao longe, encarei os restos do muro da cidade atrás de mim por alguns instantes e depois voltei a me deitar, colocando as mãos ao lado do corpo.
Fechei meus olhos sentindo o vento soprar mais forte, chegava a ser engraçado, aquele clima se assemelhava muito ao meu estado de espírito.
Aos poucos uma fina garoa começou, os pingos gelados me atingiam com delicadeza, fazendo com que eu sorrisse levemente. Talvez aquela chuva lavasse minha alma.
Os pingos finos foram ficando mais e mais grossos, tornando-se uma forte tempestade em questão de minutos.
Com as roupas encharcadas, levantei-me cambaleando com o forte vento.
Minha respiração aos poucos tornava-se ofegante, dentro de mim, eu sentia todas as minhas duvidas, medos e tristezas se misturarem e então, como a anos atrás, dei apenas um único grito... Um longo grito.
Encarei o céu com um sorriso nos lábios, aquilo, assim como da primeira vez, fez com que eu me sentisse livre.
Ri comigo mesmo, passando as mãos sobre os cabelos os puxando para trás, comecei a caminhar em direção aos escombros do muro, queria voltar para casa logo, mas algo ao longe, embaixo de uma árvore me chamou a atenção.
A sombra permanecia parada, eu sentia o olhar pesado sobre mim, um olhar que por algum motivo me era conhecido. Forcei um pouco a visão aproximando-me mais.
–Oe Shion.-O tom de voz fez com que eu recua-se dois passos.
A sombra agora tomava forma... Aos poucos a silhueta de um rapaz se formava, uma silhueta conhecida por mim.
Meu coração falhou a batida.
Os cabelos escuros, os olhos prateados com o mesmo brilho ameaçador, o corpo mais forte do que antes, as roupas do mesmo estilo de antigamente...
A cada um passo dele, eu recuava dois, até que minhas pernas fraquejaram e eu parei de andar, permitindo que ele se aproximasse mais, confirmando minhas suspeitas de quem realmente era.
–Ne-Nezumi...
–Ainda continua gritando por ai em dias de chuva, Shion?
Feita por Sohari
Desculpa a demora.
Arigato So-chan.
Hii-chaaan
ResponderExcluirObrigada por postar fofaa s2
Yo....^.^....
ExcluirNao precisa agradecer...So estou fazendo o meu dever...^^..
Que estória legal... É a primeira vez que me proponho a ler uma fic de N°6.
ResponderExcluirE estou gostando! Parabéns, viu?
Ola Mel-chan...^^...
ExcluirVoce esta certa a historia é incrviel... ^^ ^^
Heey olá!
ExcluirSou eu Sohari!
Obrigada pelos elogios flor *O*
Um grande beijo!